quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Dialética da Independência: musica livre?
“...sem estar vinculados a uma gravadora ou recebendo recursos de terceiros...
possível é sim [...] só que da muito trampo... no começo você tem sua banda certo, suponhamos quatro pessoas[...] vocês já tem seus instrumentos e já tocam várias músicas[...] vão até um estúdio, ou então a casa de alguém mesmo [...] ai fazem uma gravação das músicas que a banda toca [...] tiram algumas fotos[...] fazem um portfólio de apresentação[...] depois fazem uns 50 desses portfólios [...] no começo tem que contar com muita ajuda, porque se não tiver como gravar em casa tem que ir em estúdio [...] tentar barganhar o preço... ou então achar alguém que faça a gravação mais barato [...] depois se alguém do grupo souber [...] organizar o cd achar alguém pra tirar as fotos[...] depois editá-las caso necessário[...] ir de local em local conversar com donos tentando vender uma noite de apresentação[...], ou seja, gastar gasolina ou ônibus [...] começar independente é sempre foda [... ] tipo, tem que ter grana...”
“...penso que tem a ver com músicos que não possuem ajuda financeira, marketing pesado, ou qualquer tipo de patrocínio, e que mesmo assim conseguem mostrar seu trabalho de forma ‘alternativa’..”
“....as possibilidades de produção e circulação de materiais formados possibilita vislumbrar uma relativa independência na música. Contudo, esta não se dá simplesmente pelo fato de estar “dentro” ou “fora” das gravadoras e dos circuitos milionários...”
Pensar e questionar sobre música independente, traz inúmeras idéias, dentre elas, três me parecem centrais: Tem a ver com o estilo e a proposta musical? O que é alternativo? Está realcionada a patrocínio, dinheiro???
A discussão que mais aparece é a financeira, visto que as gravadoras e produtoras da chamada indústria cultural detiveram o controle transmutando cultura em produto. Escolhendo o que faria sucesso.
Porém, o surgimento das tecnologias digitais e espaços internéticos, baratearam a produção e divulgação da música, teatro, textos e outros meios, possibilitando uma democratização do espaço cultural comercial.
Essa visibilidade de bandas, escritores e estilos que dificilmente seriam patrocinados por gravadoras industriais e grandes editoras contribuiu para a popularização dos Festivais de Música Independente e dos blogs como meio de difusão escrita.
Essa ação e desenvolvimento cultural, também é possibilitada com o patrocínio da Petrobrás de R$ 2.500.000, através da Lei Rouanet, apoio do SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - e da SENAES - Secretaria Nacional da Economia Solidária.
Ou seja, o vínculo financeiro de forma diversa, ainda está presente, o que nos faz questionar o conceito “independente”, pois há uma relação de dependência ainda que não a das grandes gravadora e editoras e que, consequentemente, gera algumas exclusões relacionadas ao conhecimento do funcionamento das leis, formatação e confecção de projetos e, há que se ressaltar que não basta ser aprovado em leis, é necessário captar a empresa patrocinadora que,muitas vezes, opta por grandes nomes e reconhecimento. Dependência em nome da independência!
Caminhemos para a Independência cultural... Música independente, escrita independente estaria relacionada ao estilo, mensagem, tipo de música e texto produzidos.
Um estilo que não segue o padrão dos mais vendidos, que passa uma mensagem diversa, politizada, debochada, crítica, ácida, satírica.... Uma música que não tem como meta ser a mais tocada nas rádios e sim tocar inúmeras pessoas! Uma música alternativa???
Pensando só na palavra alternativa, opção diferente daquela que você tem, solução para uma questão... A música e a literatura alternativas seriam aquelas que se apresentam como opção diversa daquelas que temos acesso, porém dentro do cenário alternativo percebemos que melodias, conjunto de notas, instrumentos, partituras, regras gramaticais e de redação não são completamente descartadas e sim utilizadas com intenções diferenciadas, talvez realização diante do som tocado ou do texto redigido e se cria um novo produto rotulado como “o diferente” e eis que esbarramos novamente na dialética dependência X independência.
Toda essa reflexão abre a meta desse blog: discutir as diversas formas de expressão culturais hoje!!! Deixe a mente aberta e a língua solta...
Agradeço as contribuições de Marcos Prado, Gustavo H. Ferreira e Sandro Valente. E um agradecimento especial para meu amigo THIAGO que ajudou com a tecnologia e todas aquelas coisas... que eu não manjo... muito!!!!
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