terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Já é nela

Saiu, não aguentava mais ver a imensidão apenas pela janela, parecia que o peso das nuvens a sufocaria a qualquer momento, parou olhou fundo o horizonte e decididamente voou.

Voou até o final, lá onde o céu beija a terra, impetuosa tinha gana de saber definitivamente de onde vinham as nuvens, do que eram feitas e que gosto tinham, humm, o gosto.

Cansada de muito voar adormeceu, nem sabia ao certo onde estava, pois as luzes misturadas aos escuro da noite e a imensidão do pano azul pontilhado de estrelas a tonteava.

Sentiu seu corpo leve baixando baixando e só pode contemplar rapidamente antes de cerrar seus olhos pesados o poer dos brilhantes preferidos.

Quando o calor da estrela mor a atingiu, sentiu suave a grama macia e farta, o orvalho frio e um cheiro doce de biscoito de leite e mata verde de beira de cachoeira, ficou tão absorvida que se perdeu em longos minutos naquele inebriante momento.

Nem sequer se deu conta de onde estava...

Só depois de longos suspiros e alguns passos notou, pra além das árvores, que as nuvens eram realmente muito baixas e que se pulasse ela as alcançaria.

Não exitou, agarrou um punhado, e a sensação era como se sua mão tivesse mergulhado num emaranhado de veludo vermelho, suave e quente, prazer, puro prazer.

Ao levar aquele conjunto de partículas de água muito finas, mantidas em suspensão pelos movimentos verticais do ar, percebeu que em nada esse conceito descreveria seu sentimento: cheiro suave, maciez, calor de colo sabe?!

Quase como se esfregasse o veludo em seu rosto, mas com leve odor de chocolate, seus olhos não conseguiam se manter abertos, tamanho deleite a consumia.

Mas as nuvens se vão rápido, como as coisas boas e rapidamente seus olhos se voltaram para o entorno: quatro grandes chaminés muito altas de base larga e topo suavemente fino, delas saiam pequenas formas algodoadas que facilmente transformavam-se nas cirrus,cirrocumulos,cirrostratus... e todas as formas que a guiavam em suas janelas em movimento.

Percebeu que a água, apesar de importante não é a essência de uma nuvem, elas são exatamente como IMAGINADO: fofas, leves, doces e protegem as estrelas para que possam dormir durante o dia...shiu!!!!!

Como elas nascem no horizonte, ou onde o céu toca o chão, elas guardam e ordenam todas as cores e luzes do dia e da noite, por isso, ela sentia que via, pela primeira vez, claramente o mundo em todas suas cores, cheiros e gostos e sabe?!

Nada era duro, difícil ou ruim, porque era real, era simplesmente a vida, real, onde nenhum conceito basta, onde nada nunca está pronto e onde os títulos de nada servem se não lhe fizerem SENTIR.

Ela sempre se perguntou o que havia por trás daquela última nuvem do horizonte, desde as primeiras indagações infantis livres dos conhecimentos racionais e científicos essa dúvida povoava a sua mente aberta a imaginação.

Mesmo depois dos conhecimentos "corretos" e prontos" ao admirar a linha onde o céu beija suavemente a terra é a imaginação que trabalha, parece que quanto mais conhecimentos, mais gostosas e verdadeiras as explicações imaginativas se tornam.

É a caixa onde se guarda o cheiro de casa de vó e da cachoeira do cerrado, o gosto de comida mineira e doce caseiro, o gosto e cheiro de abraço de amigo, lembrando que gente tem luz também.

Ali onde a perspctiva acaba é onde se guarda os novos sentimentos, aqueles de gostos novos que se precisa provar mais pra saber o real paladar, a real doçura e tons picantes do compartilhar, é onde fica o sabor da vida.

E a janela? Ah! Essa fica bem lá atrás....